quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Avril Lavigne - Goodbye Lullaby (2011) #7

14) Alice


"I found myself in Wonderland..."


Esta foi a primeira música do Goodbye Lullaby que se conheceu na totalidade. Foi composta como banda sonora para o filme de Tim Burton, Alice no País das Maravilhas, em 2010, e lançada nessa altura. Primeiro saiu uma versão reduzida e só depois a completa, disponibilizada um ano mais tarde, no quarto álbum.

Alice é uma faixa absolutamente diferente do resto da discografia de Avril, mesmo depois de conhecermos o resto do GL e algumas músicas do quinto álbum, embora a letra me recorde um pouco Falling Down. É uma canção obscura, dramática, mas ao mesmo tempo épica, que se adequa perfeitamente ao filme para o qual foi composta. As batidas frenéticas assemelham-se a batimentos cardíacos, aqueles que se têm quando, de repente, damos por nós, num local estranho, assustador mas, ao mesmo tempo, belo. Salvo as referências ao filme, a letra fala precisamente disso e de encontrar força interior para enfrentar as adversidades. Nesse aspecto, assemelha-se imenso a Alive, de Leona Lewis.



Em termos de música propriamente dita, Alice não se enquadra muito em Goodbye Lullaby, mas em termos de mensagem, sim. Ela, aliás, faz como que um resumo da mensagem generalizada do CD, é como que uma lição tirada a partir de GL, ainda que de uma forma diferente de Goodbye.

A música foi lançada como single ao mesmo tempo que o filme se estreou nas salas de cinema. Teve ainda direito a videoclipe (que, por sinal, é um dos meus preferidos da Avril). Só que não é propriamente o tipo de música de que a maior parte das pessoas goste. Para além dos vocais agudos, inadequados a alguém que não goste da voz da Avril, a música é intricada, complexa, não é daqueles êxitos pop instantâneos, mastigados e fúteis. 



Durante The Black Star Tour, a digressão de divulgação do Goodbye Lullaby, Alice foi apresentada com uma introdução instrumental. Um fã conseguiu arranjá-la e montá-la juntamente com o áudio de uma apresentação ao vivo para um programa de televisão (não me lembro de qual). Gosto imenso do resultado, apresentado no vídeo acima, acho que até ficou melhor que a versão em estúdio. A introdução instrumental reforça o carácter épico, cinematográfico, da música. Por outro lado, após a introdução, o arranjo musical da faixa em si salienta o seu tom misterioso e gótico. Além disso, os vocais da Avril surgem menos estridentes, mais suavizados, mais toleráveis para quem não seja grande fã da voz aguda da cantora. Por fim, aquela espécie de coro, certamente acrescentado pelo tal fã, ficou igualmente bem conseguido.

Em todo o caso, Alice tornou-se especial por, em inícios de 2010, ter sido a primeira canção inédita vinda da Avril em quase três anos. E, no meu caso, chegou numa altura crucial, em que estava em exames e estes não me estavam a correr nada bem. Lembro-me que, na altura, todo o aparato em redor do lançamento de Alice e a promessa de um novo CD para breve eram as únicas coisas que me faziam levantar da cama. Lembro-me de ver a notícia de que a Avril havia composto uma música para o filme, da entrevista para a rádio em que ela falou de Alice pela primeira vez e disse mesmo os primeiros versos, de pôr a música a tocar no meu telemóvel na noite em que saiu, de montar o vídeo para o YouTube, de ver a Avril em directo no tapete verde da antestreia do filme… Apenas mais um exemplo de como a sua música já era o motivo pelo qual eu sorria ainda antes de Smile ter sido, sequer, composta. 

Conclusões:


É isto o quarto álbum de estúdio de Avril Lavigne, Goodbye Lullaby, ao pormenor. A Avril afirmou, na altura, que este álbum marca o fim de um capítulo na sua vida e o início de outro. Nesse aspeto, Goodbye Lullaby assemelha-se a Let Go. Este último foi assim batizado porque a Avril teve de abdicar (let go) de muitas coisas – a terra onde cresceu, a proximidade da sua família e dos seus amigos, os estudos (não que ache que ela tenha tido grande pena em relação a esta última parte…) – e abraçar um estilo de vida completamente diferente e nem sempre fácil. Goodbye Lullaby fala também sobre abdicar de algo fácil, seguro, reconfortante e partir para outra.

Outra semelhança entre os dois álbums é o facto de ambos terem ido contra a corrente musical da altura em que foram lançados. Isso foi bem aproveitado em termos de marketing com o Let Go mas não o foi em Goodbye Lullaby. Mas prefiro não entrar por aí.

De resto, são estes os meus álbuns preferidos da Avril, o Let Go em primeiro e o Goodbye Lullaby em segundo. Na minha opinião, tanto Under My Skin como The Best Damn Thing ficaram algo exagerados: o primeiro exagerou no dramatismo, em certas músicas, com um excesso injustificado de músicas de fim de relacionamento. Do mesmo modo, o segundo exagerou na futilidade: músicas superficiais podem ser boas para festas e tal mas, sem um mínimo de profundidadade, não há ligação emocional e uma pessoa acaba por se fartar. Tanto Let Go como Goodbye Lullaby são mais equilibrados, nesse aspeto.


No seu quarto CD, a Avril explora o seu lado mais doce, romântico e vulnerável. Na sua quase totalidade está muito bem produzido, favorecendo a qualidade musical, as guitarras acústicas, os pianos, os violinos. A sua voz, quase ser artífices, mostra todo o seu potencial. Se este lado romântico é melhor que o seu lado mais amalucado, roqueiro, fútil de The Best Damn Thing ou que o seu lado mais obscuro, pesado, dramático de Under My Skin, não sei dizer. É apenas mais uma faceta da Avril e a diversidade da sua música sem deixar de haver cunho pessoal em cada faixa é, na minha opinião, um dos seus pontos fortes, senão o seu ponto mais forte.

Talvez por causa do tema vagamente campestre/florestal da capa e de outras fotografias do álbum, gosto de ouvir Goodbye Lullaby quando faço caminhadas em reservas naturais ou quando vou para a minha casa de férias e ando de bicicleta no meio do campo. Lembro-me até de, no fim de semana a seguir ao lançamento do CD, ter feito precisamente isso: andado de bicicleta a corta-mato, vendo as primeiras flores da Primavera enquanto cantava em altos berros. Quando regressava a casa, o meu irmão conseguia ouvir-me a uns cinquenta metros de distância. A minha mãe falou desses dias durante muito tempo, em que eu passava a vida a cantar, julgando que eu andava feliz por os exames me terem corrido bem. Nunca a corrigi… Mas já tinha dito aqui, de resto, que a edição de Goodbye Lullaby coincidiu (e, porque não, contribuiu) para uma das alturas mais felizes da minha vida, que incluiu o "sim" à publicação de "O Sobrevivente", o meu primeiro livro.


E agora estamos em vésperas (ou talvez menos) de ouvir o álbum seguinte, homónimo, o capítulo que se segue ao que foi encerrado em Goodbye Lullaby. No que tocava a este último ábum, bem como ao The Best Damn Thing, esta altura, as semanas que antecediam a edição, eram muito excitantes, com a antecipação do álbum, as pistas sobre as músicas que iam surgindo a pouco e pouco, as fotografias oficiais de divulgação do disco, as entrevistas. E agora... não estou a sentir o mesm. Já o disse aqui, existem muitos pormenores relacionados com aeste álbum com que não estou satisfeita. Não tem só a ver com os constantes adiamentos: o GL também demorou a ser editado mas quando se acertou a data definitiva, tudo correu bem - pelo menos em termos de entrevisas, renovação do site oficial, etc - pelo menos até à edição. Além disso, as fotografias oficiais, o estilo visual de Goodbye Lullaby é o mais bonito de toda a discografia da Avril e definitivamente melhor que o do quinto disco. Mesmo as músicas do quarto álbum, de uma maneira geral, na minha opinião, estão melhores, cada uma delas é uma obra de arte, estão melhor produzidas e foram mais inovadoras do que as que, até agora, conhecemos do álbum homónimo de Avril Lavigne. E nenhuma delas, até agora, me arrebatou como arrebataram as do GL quando saíram.

Eu admito que o problema pode ser meu. Talvez as circunstâncias estejam a influenciar as minhas reações: afinal de contas, estive mais de dois anos à espera da edição de Goodbye Lullaby. Talvez eu, com este blogue, com o hábito de esmiuçar todas as músicas, em particular dos meus cantores preferidos esteja mais exigente do que era há dois ou três anos.

Nesse aspeto, o álbum Paramore não ajuda já que subiu imenso a fasquia para tudo o que é musica nova.


Ando a fazer um grande esforço para não criticar o álbum ainda antes de o ter ouvido, sequer. De resto, não é a primeira vez que tenho dúvidas deste género antes do lançamento de um álbum da cantautora canadiana. Talvez não seja mau de todo as expectativas não estarem muito elevadas. Por outro lado... é a Avril! É um álbum da Avril! É um conjunto de músicas inéditas da Avril! Eu vou sempre gostar daquilo que a Avril fizer, ainda que em graus diferentes. E, que diabo, em treze músicas, hão de haver pelo menos duas ou três pelas quais me apaixone. De resto serão sempre uma mão-cheia de músicas novas, da minha cantora preferida ainda por cima, para esmiuçar, para comparar com outras, dela e não só, para criticar, para eventualmente montar vídeos e escrever sobre tudo isso no blogue. 

Estamos, agora, a poucos dias, talvez ainda menos, de ouvirmos essas músicas. Poderemos ouvi-las no iTunes no dia 29. No entanto, só publicarei a minha crítica depois de 5 de novembro, dia do lançamento oficial, tal como fiz com o álbum Paramore. Pensar que já estivemos bem mais longe de ouvir este álbum... mas agora está quase, quase! E eu mal posso esperar!

Se quiserem reler esta crítica, aqui têm:

PRIMEIRA PARTE
SEGUNDA PARTE
TERCEIRA PARTE
QUARTA PARTE
QUINTA PARTE
SEXTA PARTE

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