segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Música de 2013 #3 - Paramore

Queria fazer uma rápida referência a um álbum de música portuguesa, para variar. Infinito, o álbum de estreia de Catarina Rocha, editado no início deste ano. Já o tinha mencionado brevemente nesta entrada. É um disco bastante agradável, com músicas calminhas, sustentadas pela linda voz de Catarina, lembrando-me, de certa forma, o Goodbye Lullaby, da Avril.

2013, no entanto, pertenceu aos Paramore.


Quando o ano começou, já o álbum havia sido anunciado. Pouco após, sairia a preview de Now. A faixa inteira seria lançada dois dias antes do meu aniversário. O respetivo videoclipe sairia poucas semanas depois - esse e o vídeo de Rock N Roll, de Avril Lavigne, foram para mim os melhores videoclipes do ano. Apesar de hoje considerar que a letra de Now é das mais fracas do álbum, o primeiro single de Paramore foi especialmente marcante durante o início de 2013. Muito porque, nessa altura, andava a escrever a parte final do meu terceiro livro; uma daquelas partes ricas em sequências de ação, as que mais gosto de escrever, já falei várias vezes disso cá no Álbum. Tanto a faixa Now em si como o seu videoclipe ajudavam-me a entrar no espírito, davam-me inspiração.

Seguiu-se o lançamento de Still Into You - que se tornaria um êxito estrondoso - e, poucas semanas mais tarde, as restantes músicas do álbum. Que, entretanto, já tiveram tempo de amadurecer no meu ouvido, deixando de soar tanto a novidade. Algumas que, inicialmente, não me agradavam por aí além, hoje aprecio melhor. Uma delas é a Interlude Holiday - depois de entrar em férias de verão e, mais tarde, ao emparelhá-la com as músicas estivais do Avril Lavigne.

O exemplo mais significativo, contudo, é mesmo Future. 


Levei algum tempo a compreender o propósito da faixa que encerra Paramore. Vejo agora que a letra faz referência a várias outras músicas do álbum, acabando por ser uma conclusão retirada das mesmas, por ser a mensagem do álbum. Uma mensagem de esperança, aconselhando a não olhar para trás e a focar-se no futuro, nos sonhos que estão por realizar. Funciona verdadeiramente como um epílogo do álbum, como um encerramento de capítulo. O tratamento instrumental da faixa - apesar de continuar a achar desnecessariamente longa, que a voz da Hayley podia soar mais clara no início da música e uns quantos vocais em eco, na parte instrumental, davam mais carácter a Future - confere a esta canção um tom adequadamente misterioso, agridoce, fazendo-me imaginar os membros da banda lutando num cenário semelhante ao vídeo de Now, ou então no mar em plena tempestade, ou num deserto, enfim, sobrevivendo numa situação agreste.

Vejo em Future certas semelhanças com Goodbye, de Avril Lavigne, e See the Light, dos Green Day. Goodbye também funciona como um epílogo de Goodbye Lullaby, pela maneira como retira uma conclusão a partir do álbum. Acaba, até, por ser uma mensagem relativamente semelhante, embora o sentimento seja diferente. Já See the Light tem um sentimento mais parecido e também me parece, de certa forma, uma conclusão a 21st Century Breakdown. Para além disso, tem uma mensagem semelhante, de procura de um sentido, de uma esperança, de desconhecimento sobre o futuro, tudo isto no típico tom agridoce de um epílogo.


É por estas e por outras que acho que o álbum foi mal batizado. Compreende-se a decisão de lançar um álbum homónico após terem sobrevivido a uma crise que quase destruiu a banda. Além de que quiseram mostrar todos os estilos que podiam adotar, todas as potencialidades dos Paramore. No entanto, o facto de terem batizado o seu quarto álbum assim, um álbum com uma sonoridade diferente dos anteriores, pode gerar equívocos. Podem dar a ideia e que estão a renegar os discos anteriores, de que estes eram menos Paramore do que o quarto álbum.

Na minha opinião, este álbum podia ter sido chamado Future. Por diversos motivos: pela canção-epílogo, que resume a mensagem geral do álbum. Por futuro ser o denominador comum a vários temas do disco: crescimento, sobrevivência, sonhos, esperança. Poque, com este álbum, a banda recuperou algo que esteve perto de perder: um futuro.

Mas trata-se apenas do título, é evidente que isso em nada diminui a qualidade do álbum. E enquanto músicas de que não gostava por aí além no início subiram na minha opinião (exceto Anklebiters. Não consigo mesmo gostar dessa), outras por que me apaixonei nas primeiras audições... continuam assim. Aliás, com o tempo, fui reparando nos pormenores, nas linhas de baixo de Jeremy, nos riffs de guitarra de Taylor, presentes em músicas como Daydreaming, Last Hope e, sobretudo, Ain't It Fun. É uma pena não termos ainda versões instrumentais oficiais...


Daydreaming tornou-se em poucas semanas uma das minhas preferidas, não apenas por descrever muito bem a fase da vida em que me encontro, como também por adorar cantá-la - aquelas estâncias suspiraras e depois o poderoso refrão. Daydreaming acabaria por ser lançada como single em alguns países da Europa, com direito a videoclipe. Como poder ver, é um vídeo muito simples, que nem sequer prima pela originalidade mas, na minha opinião, adequa-se à música que serve. Além de que, visto que não foi um lançamento mundial, não se justificava algo muito melhor.


Uma das poucas coisas que me desiludiu em relação a este álbum, aliás, é o facto de terem sido lançados tão poucos singles. Aquando do lançamento de Paramore, eu pensava que haveria tempo para uns três singles até ao final do ano. A banda tentou gravar um vídeo para Ain't it Fun durante o verão -  que sempre se soube que seria single mais cedo ou mais tarde - mas parece que o processo não correu bem. Eles lançaram Daydreaming em novembro e, no início deste mês, fizeram uma segunda tentativa num videoclipe para Ain't it Fun. Parece que esta foi bem sucedida e o vídeo será lançado em janeiro.

Não se pode dizer, de resto, que este adiamento tenha prejudicado a banda pois Still Into You teve imenso sucesso. Este segundo single de Paramore não é das minhas preferidas deste álbum mas, tal como afirmei aquando do seu lançamento, consegue conjugar uma história forte por detrás da letra - Hayley chegou a afirmar numa entrevista que Still Into You era uma espécie de sequela a The Only Exception - com o carácter infeccioso das melhores canções pop.

Outros pontos fortes do álbum Paramore são Grow Up - sobretudo por causa dos elementos eletrónicos - e Part II. Não me vou alongar tantou sobre esta última pois tenciono dedicar-lhe uma entrada em breve.

No entanto, a melhor música, não apenas do álbum Paramore mas de todo o 2013, foi Last Hope.


Já falei aqui no blogue de como Last Hope me apaixonou à primeira audição, de como me arrebatou, de como dava vontade de cantar em altos berros. Algo que ainda acontece. Os Paramore, entretanto, referiram que esta se tornou uma das músicas preferidas de tocar ao vivo. Não surpreende, de facto. Diz-se vulgarmente que as músicas ideiais para concertos são as mais agitadas e alegres. Não concordo totalmente. Certas baladas arrebatadoras, cantadas em altos berros por milhares de pessoas, são muitas vezes o ponto alto de concertos.

Uma das coisas que ajudam à adesão de uma audiência será a letra com praticamente toda a gente se identifica - Lucky One, dos Simple Plan, também é assim. No entanto, emobra a mensagem de Last Hope seja generalizável, também se torna específica ao referir-se a dores de crescimento, àquilo que custa mas a que é necessário não resistir e, mesmo, aceitar - aquilo de que Hayley fala no seu blogue, uma lição que ainda estou a aprender.


Last Hope é, em suma, uma música perfeita em todos os sentidos. Se não for a melhor de sempre, será pelo menos a melhor deste ano. Ando a fazer figas para que a banda goste tanto de tocá-la ao vivo que a torne single.

Este álbum ajudou-me, assim, a apreciar ainda mais a banda, os seus trabalhos anteriores, os próprios integrantes.  Eu sei que Hayley detestaria ser discriminada positivamente em relação a Jeremy e a Taylor mas eu tenho de destacá-la. Eu já vinha a identificar-me com ela desde há uns anos a esta parte mas agora tornou-se um exemplo ainda maior para mim, por diversos motivos. Respeito-a imenso pela lealdade que tem para com os Paramore, ao contrário do que chegou a ser insinuado. O facto de, ao contrário do que acontece com quase todas as cantoras pop, ela não explora ostensivamente a sua sensualidade - só este ano é que começou a aparecer ainda mais descapotável mas, para ser sincera, ela parece uma freira quando comparada com o que se viu este ano... - e, mesmo assim, consegue há anos - incluindo numa altura em que muitas vezes aparecia de top e calças de ganga - ser considerada das cantoras mais sexys. Prova assim que sensualidade não é sinónimo de vulgaridade.

No entanto, o maior motivo da minha admiração diz respeito às letras, que são escritas por ela. É Hayley a principal responsável pelas mensagens das músicas, logo, dos álbuns. Para mim, essa é a parte mais importante, é o que me liga aos Paramore.


Porque este é, de resto, o principal motivo pelo qual este álbum teve um impacto tão grande em mim, mais do que a maior parte da música tem. Já o disse várias vezes aqui no blogue que, no finla, é o conteúdo da música que faz com que esta se torne verdadeiramente imortal - muito por colher inspiração dela. Paramore tem feito mais do que isso: as músicas, as mensagens por detrás, uma ou outra declaração sobre as mesmas, a própria história recente da banda, têm-me ensinado imenso, têm-me ajudado a descodificar a vida, a descobrir quem sou, aquilo que se passa comigo - sobretudo agora que me encontro à beira de um ponto de viragem. Coisas que já sabia e que estou a redescobrir, coisas que preciso de saber mas que ainda estou a tentar aprender.

Saber, por exemplo, quando ignorar as opiniões dos demais. Aprender que apenas seu sei o que é ser eu, percorrer o caminho que percorro, aceitar que não sou como toda a gente, que não faço o que é suposto fazer, que não sou normal e não tenho de o ser - em teoria, sei isto desde que tenho quinze anos mas, na prática, nem sempre consigo ignorar o que os outros pensam de mim.

Reconhecer que tudo o que tenho é sonhos, que vivo a meio gás e que está nas minhas mãos mudar isso, por assustador que seja. Porque muitas vezes, somos nós mesmos a impedirmo-nos de sermos felizes. Não esquecer que o Mundo Real é duro e tentará deitar-nos abaixo de todas as maneiras possíveis e imaginárias mas, se há pessoas a conseguirem sobreviver nele, também devo conseguir.


Aprender, também, que, por vezes, a maneira de ganhar a guerra não é derrotando o inimigo mas sim abraçando-o - quer literalmente, quer nos múltiplos sentidos figurados. Fazendo as pazes, perdoando, quer aos outros como a nós mesmos.

Pelo que vou vendo pela Internet, não apenas no que toca aos Paramore, o mesmo acontecendo com outros artistas, os fãs preferem embarcar em discussões sobre o sexo dos anjos, comparando o material novo com o antigo, muitas vezes desenterrando a velha questão da partida dos irmãos Farro. Eu prefiro focar-me naquilo que a música traz à minha vida. Se esta é mainstream ou indie é irrelevante. Se é conservadora ou inovadora é secundário - dái que o CD Avril Lavigne tenha ficado abaixo do EP dos Simple Plan: este podia trazer muito pouca novidade, ainda menos que o álbum da cantautora canadiana, ms as músicas deram mais. O álbum Paramore, esse, deu imenso: ajudou a clarificar o sentido da vida. Este devia, de resto, ser o principal propósito da Arte. Também serve de inspiração à minha escrita precisamente porque esta é, igualmente, a minha maneira de descodificar o Mundo.

Um dos meus desejos para 2014 é poder vê-los ao vivo outra vez, desta feita tocando as canções deste álbum. Não me importava que fossem ao Rock in Rio mas, depois de os ter visto no Alive, queria vê-los num concerto em nome próprio, de longa duração, não apenas com os singles mas, também, com as favoritas dos fãs mais hardcore - como por exemplo My Heart e Let The Flames Begin. Aguardo, igualmente, com ansiedade o vídeo de Ain't It Fun, bem como o single seguinte (Last Hope! Last Hope! Last Hope!). Entretanto, tenciono voltar a falar de músicas dos Paramore em entradas futuras. Mas, sobretudo, desejo que a banda continue a fazer músicas de qualidade, que continue a crescer connosco e a ajudar-nos a decifrar o Mundo.

2014 dificilmente será tão rico musicalmente como 2013 foi. Já sabemos que os Within Temptation lançarão Hydra no final de janeiro. E aquela hipótese do álbum natalício de Avril Lavigne. Consta também que os Linkin Park se encontram, neste momento, em estúdio. Também não torceria o nariz a uma eventual participação dos mesmos no Rock In Rio. Em relação ao resto... não sei. Só o tempo o dirá.

Em termos pessoais, será um ano bastante decisivo. O ano em que espero acabar, finalmente, o meu curso. Um dos meus receios é que, quando estiver em estágio, deixe de ter tempo para escrever. Quero ver se consigo concretizar os vários planos de entradas que tenho acumulado nos meus cadernos - alguns dos quais há vários meses - antes do início do estágio mas não será fácil pois, no próximo mês, vou ter exames. Pelo meio, ainda queria avançar no meu quarto livro - escrevi oito capítulos ao longo do verão mas pouco mais escrevi depois disso.

Por outro lado, sou uma escritora caprichosa, que já escreveu mais em tempo de aulas do que em férias. Se em cerca de dezasseis anos de vida arranjei quase sempre tempo para escrever, não será agora que isso irá mudar. Como sempre, alguns dos melhores momentos deste ano corresponderam àqueles em que estive a escrever para os meus livros. Tenho a certeza de que, nesse aspeto, 2014 não será diferente. Sobretudo se o fizer catalisada por músicas novas dos meus artistas preferidos.

Deixo, então, aqui um voto de boas entradas em 2014, agradecendo aos meus seguidores, desejando que continuem a acompanhar o álbum ao longo do próximo ano. Que 2014 traga muitas alegrias, entre as quais boa música, bons livros, filmes e séries. Feliz Ano Novo!



domingo, 29 de dezembro de 2013

Música de 2013 #2 - Within Temptation

 

Faço aqui uma referência a Within Temptation, que esste ano lançou dois singles, um deles com um EP de demos anexado. O segundo, aliás, Dangerous, um dueto com Howard Jones, foi lançado há pouco mais de uma semana. Não escrevi a habitual crónica de Músicas Não Tão Ao Calhas porque ainda não consegui analisá-la como queria - só agora é que consegui encontrar a letra - e, do pouco que analisei, não tenho muito a dizer sobre ela. Mistura a sonoridade típica de Unforgiving com sintetizadores e um ritmo absurdamente rápido, que pede headbangs desde o primeiro minuto. Ainda não passei disso. Prefiro dar tempo, ir ouvindo a música com mais calma ao longo das próximas semanas. Mais tarde, quando sair o álbum, comentá-la-ei devidamente.

Não devia, aliás, falar dos Within Temptation na Música de 2013. Este ano ocorreram apenas os preliminares, a diversão a sério começará com o lançamento do novo álbum. Nas palavras dos mesmos, este disco representará diferentes lados da banda. Curiosamente, tivemos dois álbuns assim, mais para o eclético, este ano. Só que, ao contrário dos suspeitos do costume cá do blogue, os Within Temptation tiveram um bocadinho mais de imaginação e, em vez de batizarem o álbum com o seu próprio nome, inspiraram-se na Hidra de Lerna, o monstro de múltiplas cabeças da mitologia grega - simbolizando, precisamente, o carácter multifacetado do disco. Hydra será editado dia 31 de janeiro - pena não ser uma semana antes, para sair no dia do meu aniversário. Não tenho nenhuma expectativa em especial. Apenas espero que Hydra esteja ao nível a que os Within Tempation nos habituaram.

Música de 2013 #1 - Avril Lavigne

Mais um ano que se aproxima do término. À semelhança do que fiz no fim de 2012, falarei aqui no blogue das músicas, álbuns e artistas musicais que mais marcaram 2013.

Em 2012 os Linkin Park foram a banda mais marcante, para mim. Pouco mais houve de relevante no mundo da música, pela parte que me toca. 2013 foi diferente Aliás, considero mesmo que o melhor dest ano foi o facto de ter havido imensa música nova por parte dos meus artistas preferidos. Poucas coisas se comparam à primeira audição de um novo single ou de um novo álbum, prestando atenção às melodias, aos diversos instrumentos, às letras, aos vários momentos e nuances. Ouvir as novas faixas em loop e, mesmo assim, estas demorarem algum tempo a entranhar-se na minha memória. E, claro, escrever sobre elas aqui no blogue. O Natal foi na semana passada mas, acreditem, o dia do lançamento de um single ou de um álbum é capaz de suplantá-lo na maior das calmas.


Quero começar por falar de Avril Lavigne, o álbum por que esperava com maior ansiedade. Isto é, pelo menos por altura do início do ano. A verdade é que os constantes adiamentos e a fraca promoção do álbum e respetivos singles arrefeceram um pouco o entusiasmo. Mesmo assim, o meu coração não deixou de acelerar quando descobri que o álbum já estava disponível para audição.

Se leram a minha crítica (AQUI), saberão que este me desiludiu um bocadinho. Não que não goste dele - é a Avril Lavigne! É-me impossível não gostar daquilo que ela faz! Gosto muito, aliás. Por muitos defeitos que possam ter, as músicas da Avril sempre me deram vontade de cantar - tenho muitas canções de que gosto muito mas que não canto, servem apenas para ouvir. Não sei ao certo o que é, isso que me dá vontade de cantar, mas está presente em praticamente todas as músicas dela, desde baladas às mais agitadas. Ela nunca teve dificuldades em criar melodias cativantes, de resto.

Isso passa-se muito no álbum homónimo. Que tem vivido no auto-rádio. É, aliás, o CD ideal para se ouvir no carro, em volumes elevados, e cantar em altos berros - é uma sensação do catano.



Há músicas que se têm destacado. Falo, por exemplo, de Bitchin' Summer, uma das melhores deste álbum em termos de instrumental e uma das melhores da Avril de entre as mais pop. Destaco o rap, que é divertido de cantar. Ando com esperança de que se torne um dos últimos singles deste álbum, por altura do verão do próximo ano, evidentemente. 

Give you What You Like é outra das que mais tenho ouvido deste álbum, talvez por diferir tanto do registo habitual da Avril, assemelhando-se apenas ao cover que ela gravou de How You Remind Me - com quem partilha influências jazz, vocais suaves, sem estridências, e um tom amadurecido, sensual. Iria gostar imenso se ela gravasse um álbum inteiro neste estilo. Também não me importava se Give You What You Like se tornasse single

Outra que se tem tornado cada vez mais irresistível é Bad Girl. Há uns anos atrás, a letra deixar-me-ia traumatizada; mesmo hoje, não tem absolutamente nada a ver comigo mas, que diabo, é contagiante para catano! A minha irmã gosta imenso dela - e acreditem, traumatizante é ouvir a nossa irmãzinha inocente, que ainda no outro dia tinha cinco anos, a cantar "Hey hey, I'll let you walk all over me, me". De resto, Avril referiu numa entrevista recente que podia gravar um álbum assim. Antes, gostava de vê-la apresentando a música em palco, com Marilyn Manson. 

Também tem sabido bem ouvir Let Me Go na rádio portuguesa. É muito raro isso acontecer, ouvir músicas da Avril na rádio por cá, mas Let Me Go tem tocado tanto na RFM como na Comercial, tendo mesmo tido a proeza de atingir os lugares cimeiros no TNT. Em nome da equipa do Avril Portugal, não têm de quê.


Em suma, Avril Lavigne é, essencialmente, um álbum feel good - e nada mais. Por escolha própria já que a mesma referiu, recentemente, que deixou de fora as músicas mais profundas a favor das mais pop. Contudo, conforme já afirmei aqui no blogue, de uma forma ou de outra, preciso de música com conteúdo, com mais história do que as mesmas de sempre. Daí que, de certa forma, tenha gostado mais do EP dos Simple Plan, lançado no início deste mês. A cantautora garante que ainda planeia lançar essas músicas excluídas mas duvido que o faça. Outra das coisas a que os fãs da Avril já estão habituados é às músicas que nunca são lançadas. Muitas vezes até conhecemos um excerto, um instrumental, uma curta referência em entrevistas, pequenas coisas que aguçam a nossa curiosidade mas que nunca dão em nada. Costumo comparar tudo isto à situação de alcoólicos em recuperação a quem atiram gotas de vinho do Porto - bebêmo-las rapidamente e ficamos a penar pela garrafa inteira.

Por outro lado, conforme já tinha afirmado na minha crítica a Avril Lavigne, o problema até pode ser meu. Para além da fasquia elevada, são já muitos anos seguindo a cantautora canadiana. É natural que as coisas comecem a parecer repetitivas. Agora compreendo aqueles fãs que vão "desistindo" da Avril, ou porque já não se identificam com o estilo dela, ou por se, pura e simplesmente, se cansam.



Ora, em entrevistas mais ou menos recentes, a cantautora canadiana tem andado a brincar com a ideia de um álbum de Natal, a ser editado no próximo ano. Essa ideia agrada-me por diversos motivos. Para começar, foi assim que ela começou a cantar em público, tinha ela sete anos: canções de Natal na igreja. Temos, além disso, uma bela amostra com a interpretação da clássica Oh Holy Night, em 2003. Por fim, seria uma mudança bastante bem-vinda, que poderia conquistar-lhe novos fãs, em particular se incluísse colaborações com outros artistas. A inovação que, tirando um ou outro caso, faltou ao quinto álbum.

É claro que a coisa teria de ser bem feita. As músicas teriam de ser, se não originais - no que toca ao Natal, é difícil fugir dos clichés - pelo menos inéditas. Não quero um álbum inteiro de re-interpretações de clássicos de Natal. Devia, também, ser tão variado quanto um típico álbum de Avril Lavigne: incluir baladas e músixas mais alegres. Acredito que a Avril seria capaz de levar a cabo tal projeto, até porque ela gosta bastante do espírito natalício - muito mais do que eu, diga-se.

Ainda que este último álbum tenha ficado aquém das minhas expectativas, não vou desistir assim tão facilmente de Avril Lavigne. Posso já não seguir febrilmente tudo o que ela faz, como o fazia há uns anos, mas não deixarei de estar lá quando ela lançar música nova. Só espero que o seu próximo material tenha mais substância do que este álbum teve - eu sei que ela consegue fazer melhor.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Simple Plan - Get Your Heart On - The Second Coming!

 

Os Simple Plan lançaram ontem, dia 3 de dezembro, um EP de sete canções intitulado "Get Your Heart On - The Second Coming!". Segundo eles mesmos, este conjunto inclui tanto sobras do álbum Get Your Heart On e outras posteriores ao álbum. Vou analisar casa uma delas por ordem crescente das minhas preferências. Não é demais relembrar que esta ordem é provisória, muitas das músicas estão praticamente empatadas.

Ordinary Life


"I don't want to wake up
With my best years behind me
I think I'd better wake up
Before my life's behind me"

Esta é a 642ª música (ou música número 642) na discografia dos Simple Plan sobre frustração com a vida atual e vontade de fugir à rotina. Ordinary Life nem sequer tem o ponto forte de Anywhere Else But Here que, ao menos, tinha uma sonoridade fora do habitual da banda. Antes pelo contrário, o arranjo de Ordinary Life é vulgaríssimo na discografia dos Simple Plan e até traz ecos de Jump. Daí que considere Ordinary Life a mais fraca deste EP.

Fire In My Heart


"Felt the spark, left a mark I can't erase"

Esta faixa vai na linha de várias músicas pop de hoje em dia que adotam metáforas relacionadas com fogo. Em Fire In My Heart simboliza, obviamente, paixão romântica. Não é de surpreender que a letra, que explora esta metáfora, não seja particularmente memorável.

Em termos de sonoridade, Fire In My Heart soa-me a uma Sippin' On Sunshine, de Avril Lavigne, mais roqueira. Também possui alguns ecos de Summer Paradise. No fundo, Fire In My Heart é uma música de verão, de lua-de-mel, mas longe de ser uma das mais marcantes deste EP.

The Rest Of Us


"We do it better than the rich and the fabulous"

Seguindo-se a Ordinary Life na tracklist, The Rest Of Us acaba por contrariar a mensagem da faixa anterior. Enquanto Ordinary Life se queixa da vulgaridade da rotina, da anonimidade, The Rest Of Us não se importa com isso, chega mesmo a enaltecer a condição de simples mortal. Vai em linha com a moda das músicas para elevar a auto-estima (Born this Way, Firework, Anklebiters, entre outras) que se mistura com campanhas anti-bullying. Esta mensagem de que as pessoas comuns, mesmo estranhas, são melhores que as celebridades convencionais vai também em linha com os tempos atuais, de crise, em que fica bem a figuras como a Princesa Leticia e Kate Middleton aparecerem em público com roupas de marcas mais económicas, em que personalidades mais terra-a-terra, como a atriz Jennifer Lawrence, ganham popularidade. Não admira que tenham escolhido esta música para montarem um videoclipe. Não sei se The Rest Of Us chegará a ser single e a tocar nas rádios mas, se o for, tenho a certeza de que, pelo menos pela mensagem, seria bem sucedida.

Destaque ainda para a referência a Bruno Mars.

In


"Tell me why, Tell me why we wait so long
When we know, When we know where we belong"


A letra de In fala sobre baixar a guarda e arriscar no amor, ter a coragem necessária para se abrir para outra pessoa, para se comprometer com outra pessoa. Como se pode calcular, não é um conceito completamente original, mas não faltará quem se identifique com ele.

Em termos de sonoridade, recorda-me um pouco Another Heart Calls, dos All-American Rejects, pela maneira como alterna momentos calmos, misteriosos, algo etéreos - só com piano e batidas leves - com momentos mais frenéticos, sustentados por guitarras elétricas. Tal como outras músicas deste EP, não difere radicalmente da sonoridade típica dos Simple Plan mas é suficientemente interessante para ganhar carácter próprio.

Outta My System 



"Now I'm here coming back to life
Turning my wrongs all back to right
I was way down, I was locked up
Now I'm free
"

Esta faixa é a mais eletrónica deste EP sem, no entanto, deixar de lado o pop rock característico dos Simple Plan. Tenho de destacar a bateria atmosférica em conjunto com os acordes de guitarra elétrica e as notas de piano ao longo da terceira parte da faixa, dando um carácter inesperadamente épico à música, elevando a sua qualidade.

A letra descreve a maneira preferida de ultrapassar uma separação: indo para a borga, saturando o fígado com etanol, enrolando-se com perfeitas desconhecidas. Com o risco de se tornar algo machista, acaba por ter a sua graça.

Try



"But if you can give me half a chance I'll show,
How much I can fix myself for you.
"

 Gosto do início de Try: piano com algumas notas eletrónicas, a que se juntam batidas a meio da primeira estância. A sonoridade mantém-se mais ou menos até à terceira estância, durante a qual se juntam guitarras elétricas e bateria "a sério", transformando-a numa balada mais pop rock. Devo dizer que gosto bastante do efeito. Não me lembro de alguma vez ter ouvido algo assim.

Em termos de letra, é uma canção de amor, de súplica por perdão, por uma segunda oportunidade, do género I Will Be, Best Of Me e Far Away (curioso: acabo de citar uma música da Avril Lavigne, uma dos Sum 41 e uma dos Nickelback na mesma frase...). Não é de todo uma letra particularmente original mas a sonoridade eleva a música bem acima da média.

Lucky One



"It feels like it's taking forever
But one day, things could get better
And maybe... my time will come"

Chegámos, assim, à minha preferida deste EP. Lucky One é uma balada quase exclusivamente acústica (se não for totalmente acústica). É um arranjo simples, o mais simples deste EP, mas funciona bem, condiz com a mensagem da canção. 

Esta é, aliás, o ponto forte desta música: pega um pouco na auto-comiseração que caracteriza vários temas da discografia da banda, em particular no início da sua carreira. Existe, contudo, num amadurecimento na maneira como aborda o tema, na maneira como o transforma numa mensagem de esperança, recordando-me Last Hope dos Paramore - uma das músicas deste ano, para mim. Tal como acontece no tema dos Paramore, Lucky One fala sobre infelicidade, contrariedades, sonhos por realizar Fala em particular da sensação de que as coisas boas só acontecem aos outros. Existe, no entanto, a esperança de que venham tempos melhores, de que um dia seja possível conquistar-se um final feliz. Visto que toda a gente já passou, pelo menos uma vez na vida, por um momento de desânimo, em menor ou maior grau, esta é uma mensagem que cativa com facilidade. Destaque para os tempos que correm, em que muitas pessoas passam por dificuldades. Uma mensagem de esperança é sempre bem-vinda - é aqui que reside a força de Lucky One.


Neste EP, a banda canadiana continua igual a si mesma, para o melhor e para o pior: pop rock, punk pop, com uma ou outra influência influência eletrónica, com melodias tão contagiantes como sempre. Letras que, sem serem particularmente originais, têm aquele toque de vida real que é cada vez mais raro na música pop. O tal toque que faltou ao último álbum de Avril Lavigne, que não falta no último álbum dos Paramore. Não existe grande evolução relativamente ao material antigo mas, também, é um EP de sobras. Não se poderia exigir o que se exige de álbuns de doze músicas. No entanto, independentemente da evolução ou da falta dela, tal como listei anteriormente, de uma maneira geral são músicas boas, com conceitos interessantes.

Já li críticas - não apenas relativas a este EP - acusando a sonoridade da banda de estar ultrapassada. Eu mesma critiquei aqui no blogue o facto de os Simple Plan não se aventurarem fora deste espectro. No entanto, depois de ouvir e gostar deste EP, a pergunta que faço é: será mesmo necessário os Simple Plan mudarem?

Mudar só por mudar, só por motivos comereciais, não faz sentido. Corre-se mesmo o risco de a banda perder a sua integridade. Não precisamos de mais artistas cantando temas dubstep sobre borga. O material que os Simple Plan criam pode trnar-se repetitivo mas é autêntico, tem mais qualidade e mais conteúdo do que a média, maior potencial para servir-me de inspiração. E mesmo que os Simple Plan já não tenham a popularidade de outros tempos, ainda são capazes de arrastar fãs atrás de si. Que mais se pode exigir?


A banda deve começar, em breve, a trabalhar no seu quinto álbum de estúdio, um processo que ainda deve demorar algum tempo. Uma eventual mudança de estilo, a acontecer, teria de ser vontade dos próprios Simple Plan. Como terá acontecido com os Paramore - segundo os mesmos, eles tentaram manter o estilo dos álbuns anteriores mas, por motivos variados, a velha fórmula já não resultava. E ainda lhes custou bastante abraçarem a mudança. Quanto aos Simple Plan, para eles o estilo atual parece ainda funcionar. O mesmo parece acontecer com os fãs. Neste EP, para mim, funciona. Que se mantenha assim e ficamos todos felizes.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Avril Lavigne (2013) #4


Depois de termos analisado as faixas de Avril Lavigne AQUI, AQUI e AQUI, passemos às alegações finais.

Conclusões:

Este é o quinto álbum, homónimo, de Avril Lavigne. Quando anunciaram o título deste disco fiquei de pé atrás. No entanto, depois de ouvi-lo, a verdade é que não consigo pensar num título mais adequado. Com faixas que recordam outras mais antigas, outros álbuns, outras fases da carreira da cantora, Avril Lavigne assemelha-se a um Greatest Hits com três ou quatro faixas novas.

Este foi o aspeto que mais me desiludiu neste álbum: a falta de originalidade, de inovação, de músicas com que me identificasse. Os temas abordados são recorrentes na discografia dela, com destaque para as chamadas break up songs - já é o quinto álbum e nem sequer existe a atenuante de Goodbye Lullaby, em que ela vinha de um divórcio e estas músicas foram apresentadas sob uma perspetiva diferente. As músicas de verão, de festa, da celebração do espírito jovem, adolescente, não são tão ostensivamente recorrentes mas também não trazem novidade. Se em Goodbye Lullaby houve uma tentativa - não completamente bem sucedida - de crescer com a sua audiência, em Avril Lavigne ela refere claramente que não quer crescer. OK, é um espírito muito bonito e tal, mas vejam: ela está perto da casa dos trinta. Tinha dezassete anos quando se estreou na música, aproximadamente a mesma idade que os seus fãs tinham, fãs esses que, agora, podem já ter filhos. É fácil ser-se eternamente jovem quando se pode fazer aquilo de que se mais gosta. Quem, no entanto, tem um emprego das nove às cinco, ou mais longo, filhos para criar, contas para pagar, não se pode dar ao luxo de não crescer.



Não estou ainda nessa fase mas, tal como penso ter referido anteriormente, não me identifico particularmente com esse espírito. Nunca fui grande fã de música de festa e continuam a existir demasiadas faixas desse género hoje em dia. Além disso, como escritora que colhe inspiração em música, este álbum não dá grande material. As faixas têm pouca história por detrás - ou melhor, até têm mas são as mesmas de sempre. Já não existem músicas como Mobile, Nobody's Fool, Take Me Away, Slipped Away, Runaway, Keep Holding On, Darlin', Everybody Hurts, mais voltadas para o quotidiano com que muitas pessoas se identificam de uma maneira ou de outra. Mais de fora do habitual espectro de amor/desgosto e borga que, hoje em dia, estão demasiado vulgarizados no mundo da música.

É claro que basta olhar para vídeos de bastidores dela, em diferentes fases da carreira dela, para perceber que esse espírito faz mesmo parte na sua personalidade: ela é no geral uma pessoa alegre, descontraída, que não se leva demasiado a sério, que por vezes parece ter a mentalidade de uma miúda de cinco anos. Não é de admirar que se sinta mais à vontade em temas mais ligeiros, que não faça nada mais profundo que uma break up song. E, para o bem e para o mal, a Avril sempre foi genuína, despretensiosa, fazendo aquilo que bem entende, independentemente do comercial, das tendências ou do que era esperado dela.


Esta é apenas a minha opinião. Sei que existem fãs que não são como eu, que não gostam que os seus artistas evoluam. Nesse aspeto, a diversidade em Avril Lavigne tem a vantagem de possuir faixas que agradam a vários tipos de fãs. E se passarmos à frente dessa questão da falta de originalidade, de amadurecimento significativo, as músicas são boas. As letras, apesar de ainda simples, estão mais elaboradas, mais consistentes em relação aos álbuns anteriores. E mesmo tendo em conta todos os pontos fracos listados ao longo desta crítica, todas as faixas, mesmo Hello Kitty, têm coisas de que gosto, dão me vontade de cantar, dançar, como só as músicas da Avril são capazes de fazer.

E não fui a única, de resto. Este álbum anda, aliás, a receber críticas positivas, ao ponto de o classificarem como um dos melhores álbuns pop do ano. Superior aos trabalhos de Katy Perry e Miley Cyrus - e eu não estava de todo à espera disso.



No que a mim me diz respeito, este álbum estará sempre associado a Vila Viçosa, onde passava o fim de semana quando o ouvi pela primeira vez.

Fez há pouco tempo dez anos desde que ouvi uma música da Avril pela primeira vez (I'm With You). Desde essa altura tem sido ótimo acompanhar o lançamento de cada single, cada vídeo, cada álbum Este álbum é mais um capítulo dessa história. Um capítulo que serve mais para recordar o caminho percorrido até ao momento. Agora que o CD já foi editado, anseio pelos próximos singles, pelos pormenores da digressão e, mais à frente, saber como será o sexto álbum. Cinco já estão lançados. Agora, na linha de Here's to Never Growing Up, a mais quinze álbuns de Avril Lavigne.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Avril Lavigne (2013) #3

Terceira parte da crítica de Avril Lavigne. Partes anteriores AQUI e AQUI. Chegámos ao top 5 deste álbum. Por ordem...

Bad Girl


 "Just lay your head in daddy's lap"

Sendo este o dueto com Marilyn Manson, este título era, natural, um dos que mais curiosidade, e mesmo algum receio, despertava. Agora que já conhecemos Bad Girl, posso dizer que, de uma maneira geral, fomos todos apanhados de surpresa pela positiva. 

Eu estava mais ou menos à espera deste género de letra e sonoridade, mas não estava à espera que a música fosse tão contagiante nem que a voz de Manson combinasse tão bem. A distorção dos vocais tornam a voz de Avril quase irreconhecível mas reforçam o tom lânguido, condizente com a letra atrevida. Nesse aspeto, contudo, prefiro o refrão, em que a voz da Avril surge sem efeitos e com agudos impressionantes. É a faixa mais rock de todo o álbum, sem deixar de ser dançante. Faz pensar em roupa de cabedal e meias de rede. Há quem compare esta música a Taylor Momsen, de The Pretty Reckless - não a conheço, por isso, não posso concordar nem discordar. A mim, contudo, recorda-me Joan Jett. De qualquer forma, conforme já disse acima, a participação de Marilyn Manson não soa forçada, combina perfeitamente com o estilo da música. Por fim, um destaque positivo para a conclusão, com a gargalhada de Avril e as últimas palavras ofegantes de Manson.


Give You What You Like

 

"I've got a brand new cure for lonely"

Numa entrevista recente, Avril revelou que esta canção nasceu daquilo que era para ser a terceira estância de Bad Girl mas que ela, Chad e, provavelmente, David Hodges, decidiram transformar numa música independente. De facto, Give You What You Like repete o carácter erótico de Bad Girl, embora o faça de uma forma menos ostensiva. Tocada e cantada num tom grave e intimista, condizente com o tema da canção - recordando-me, de certa forma, In the Darkness, de Dead By Sunrise - conduzida pela guitarra acústica, acompanhada pela bateria suave e uma discreta linha de baixo, a que se junta o piano, mistura  erotismo com romance e alguma vulnerabilidade. Tenho lido comparações com Lana Del Rey - concordo, apesar de não a conhecer tão bem. É das poucas deste álbum em que se nota algum amadurecimento e evolução sendo, também, uma das melhor produzidas.

Falling Fast


"I never knew I needed you
Like a sad song needs a sea of lighters"

Da primeira vez que ouvi Falling Fast, o início recordou-me uma canção de Rui Veloso, "Nunca Me Esqueci de Ti" Falling Fast foi composta a solo pela Avril, provavelmente sobre o início do seu relacionamento com Chad. A produção - a guitarra acústica, os vocais incrivelmente suaves - recordam-me 4 Real e Tomorrow. Quanto à letra, nada de especial a assinalar, não diferem muito das habituais canções de amor da Avril. A interpretação dela, quase suspirada, conferindo um tom etéreo à canção, é verdadeiramente o maior pilar da música. Destaque para os "Oh" no fundo, na parte final.

17




"Hey, those days are long gone
But when I hear that song
It takes me back..."

Sem contar com os singles, esta era a música que conhecíamos há mais tempo deste álbum. Já tinha falado dela  AQUI, quando ela a apresentou ao vivo pela primeira vez. Acho que, em vários aspetos, gosto mais dessa versão do que da de estúdio: esta última ficou um bocadinho eletrónica a mais (embora tenha vazado uma versão demo que era ainda pior). Além disso, na versão ao vivo, Avril cantou-a de uma forma mais doce, mais condizente com o espírito da canção. Também ajuda a ausência de auto-tune. À parte tudo isso, contudo, 17 é, tanto na minha opinião como na dos críticos, uma das melhores músicas deste álbum.

Coo se constata facilmente, Avril Lavigne é rico em músicas exaltando o espírito jovem, adolescente. 17 - que já foi apelidado de Teenage Dream de 2013 - é aquela que, na minha opinião, aborda o tema da melhor forma: contando uma história de amor juvenil, com o tom agridoce da nostalgia. Que, tal como já tinha mencionado na primeira crítica, me recorda músicas de Bryan Adams e - sendo esta uma descoberta recente - a música Kids in the Street dos All-American Rejects. Há que lembrar, também, que os dezassete anos da Avril foram uma idade marcante, já que foi nessa altura que lançou o seu primeiro álbum e toda a loucura começou. Ela referiu também, numa entrevista recente, que a parte das cervejas roubadas no parque de caravanas era algo que ela e o irmão costumavam fazer quando eram novos.  Em suma, em termos de conceito, 17 é uma das melhores do álbum, se não a melhor.
 

Hush Hush



"So many questions, but I don't ask why"

Chegámos, finalmente, à minha música preferida de Avril Lavigne, o álbum. Não digo que seja a mais inovadora deste álbum - conduzida pelo piano, em termos de sonoridade é um pouco mais moderna do que as outras baladas da Avril mas, em termos de letra e conceito, é como se fosse uma Goodbye mais elaborada. Mais uma break up song, provavelmente sobre o fim da relação de dois anos com Brody Jenner. Além de que, neste álbum, é apenas a última faixa da tracklist, não tem o carácter de epílogo que Goodbye tem no quarto disco da cantautora canadiana. No entanto, Hush Hush é a mais emotiva de todo o álbum Avril Lavigne, arrebatadora ao ponto de partir o coração, de dar vontade de chorar, à semelhança de várias grandes baladas da cantora. Não é a primeira vez que Avril compõe baladas deste género, provavelmente não será a última mas, que diabo, a mulher sabe fazê-las! Se forem todas tão belas, tão arrebatadoras como esta, ela que esteja à vontade!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Avril Lavigne (2013) #2

Continuamos a analisar o mais recente álbum de Avril Lavigne. Podem ler a primeira parte da crítica AQUI.

You Ain't Seen Nothing Yet


"Can't wait to see your superpowers"

Em Avril Lavigne, várias músicas têm um toque eletrónico, numas mais evidentes que noutras mas, em You Ain't Seen Nothing Yet, composta a solo por Avril, esta abraça o tradicional pop rock. Daqueles que faz pensar na música e nos filmes de Hillary Duff e Lindsay Lohan para a Disney, trazendo também ecos de Contagious e Runaway. A letra é engraçada, descrevendo o entusiasmo típico de um início de relação. Condiz com o tom adolescente do som, algo que soa estranho numa cantora de vinte e nove anos... mas eu gosto.

Let Me Go 




"And two goodbyes led to this new life"

Este é o single mais recente do álbum. Sem que eu perceba bem porquê tem surgido nalgumas críticas coo a faixa mais fraca deste disco - não me admirava se tal fosse derivado do ódio de estimação que muitos devotam aos Nickelback.

Só tivemos de esperar uma semana após o lançamento do single para conhecermos o videoclipe de Let Me Go. O conceito recordou-me Memories, dos Within Temptation - o cenário clássico, de casa assombrada, a paleta de cores azuladas e sóbrias, tudo isso combina com o próprio conceito da canção, o seu tom gótico e misterioso. Inicialmente, as câmaras rápidas e algo tremidas faziam-me confusão mas agora vejo que combinam com as emoções conflituosas da faixa. O vídeo tem o ponto forte de suscitar interpretações variadas, sendo a mais correinte a de que Avril aqui é um fantasma, assombrando a casa onde vivera com Chad enquanto jovem. Este, envelhecido, assombrado pelas recordações, regressa à casa para reviver o tempo que passou com a amada. Na minha opinião, o objetivo do breve regresso ao passado é encerrar definitivamente esse capítulo dessa vida de modo a poder seguir em frente. Em todo o caso, o videoclipe fica na memória, não apenas pela emoção do conceito mas também pela extrema beleza da cantora neste vídeo.

Hello Heartache



"It's not the first time
But this one really hurts"

Pouco antes de as músicas de Avril Lavigne ficarem disponíveis para audição, correu o rumor de que Complete Me - um dos três instrumentais de supostas canções da Avril que apareceram na Internet durante o verão de 2011 - era, na verdade, o instrumental de Hello Heartache. Tal rumor confirmou-se parcialmente: o instrumental da Hello Heartache que aparece em Avril Lavigne é diferente mas, depois de um fã ter juntado essa versão com o instrumental conhecido com Complete Me dá para perceber que, na sua maior parte, a melodia é compatível com o instrumental que conhecemos há dois anos.


Podemos, então, deduzir com alguma certeza que Hello Heartache foi, inicialmente, composta para Goodbye Lullaby, mas ficou de fora da tracklist final, tendo sido remodelada aquando da composição de Avril Lavigne. E, de facto a letra de Hello Heartache recorda as break up songs de Goodbye Lullaby - sendo, provavelmente, também sobre o fim do primeiro casamento da cantora - enquanto que a sonoridade se assemelha a uma Here's to Never Growing Up mais melancólica. Penso que a remodelação foi uma boa ideia pois, apesar de gostar muito do instrumental Complete Me, este parece-se demasiado com músicas como My Happy Ending. Além de que este resultado final tem sido muito elogiado pelas críticas. E eu concordo.

No entanto, gostava de um dia ouvir a versão Complete Me desta música.

Bitchin' Summer




"Whiskey's got us singing like a choir"

Avril Lavigne é um álbum rico em músicas de verão, de festa, e Bitchin' Summer é a melhor delas todas. Não pela letra - que repete o espírito de Here's to Never Growing Up, reforçando mesmo o carácter adolescente - mas pela qualidade musical. Bitchin' Summer não comete o erro que a larga maioria das músicas mais pop da discografia da Avril comete ao se tornarem demasiado estridentes, demasiado agressivas. Ao apostar na guitarra acústica e na melodia suave, Bitchin' Summer torna-se uma música bem agradável ao ouvido, possuindo ainda um ritmo dançante do que faixas como Sippin' On Sunshine e Here's to Never Growing Up. Destaque, ainda, para o rap - mais uma vez, melhor conseguido que o de músicas como Girlfriend e The Best Damn Thing.

Bitchin' Summer podia perfeitamente ter sido um dos singles, no lugar de Here's t Never Growing Up ou Rock N Roll. É também aqui que se notam as consequências dos sucessivos adiamentos - estamos a ouvir uma música de início de férias de verão pela primeira vez em novembro! É apenas um exemplo de como este álbum é demasiado bom para a equipa de marketing por detrás dele...


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Avril Lavigne (2013) #1


Depois de muitas falsas partidas, não sei quantos adiamentos, o quinto álbum de Avril Lavigne, homónimo, é hoje, finalmente, editado. Depois de 9 de abril, 5 de novembro torna, novamente, a ser um dia marcante, não apenas por este álbum, mas também por ser o aniversário do meu cantor preferido e, também, por hoje ser lançado o videoclipe de Daydreaming, uma das músicas mais marcantes do último álbum dos Paramore. Quem precisa de Natal depois disto?

Regressando a "Avril Lavigne", eis, então, a crítica que ando a prometer desde... bem, praticamente desde que inaugurei aqui o blogue, altura em que já circulavam rumores sobre um quinto disco. Podem, portanto, ver há quanto tempo estamos à espera de "Avril Lavigne" - e, mesmo assim, esperámos bem mais por Goodbye Lullaby. Não é facil ser fã da Avril...

Bem, deixemos estas divagações de lado, passemos ao que interessa. Tal como já fiz com Paramore, falarei de cada música por ordem crescente de preferência (embora esta classificação seja provisória). Comecemos, então, por...

Hello Kitty


"Meow!"

O título da música devia ter-nos preparado para uma coisa destas mas não preparou: fomos todos apanhados de surpresa e não necessariamente pela positiva. Tal como já afirmei aqui no blogue, a Avril tinha dito que era uma faixa mais para o eletrónico - eu, contudo, não estava à espera que fosse completamente dubstep, algo que nunca esperei ouvir da Avril. Há um ou dois anos, teria reagido de maneira pior a esta faixa - no entanto, depois de Stay the Night e de A Light that Never Comes (AQUI), o dubstep não me choca tanto.

No entanto, mais do que a sonoridade, mais do que a interpretação que nos recorda Ke$ha - cantora que Avril já referiu como uma das suas preferências - é a letra que se destaca pela negativa. Do mais fútil que há, infantil, chegando a assumir contornos de fantasia lésbica. As palavras em japonês são atiradas ao calhas - a tradução é "vocês são o máximo" ("you rock"), "obrigado", "fofinho". Só mesmo para se dizer que ela cantou em japonês - e tanto isso como os leves ecos do K-Pop (é assim que se chama?) são uma clara piscadela de olho ao mercado oriental que tanto a adora.

Na verdade, ando a reagir da maneira como reagi ao lançamento de Girlfriend - inicialmente como choque, achando que ela se desviou demasiado do seu estilo habitual mas sem deixar de gostar da música. Um guilty pleasure, no fundo. Com Girlfriend, acabei por que habituar à música sem que esta se tornasse uma das minhas preferidas. E, para o melhor e para o pior, Girlfriend tornou-se o single de maior sucesso da Avril.
Hello Kitty tem, de facto, momentos engraçados. Até gosto do refrão: "Come come, kitty kitty, you're so pretty pretty". Tem a sua graça dizer, assim do nada, "Mina saiko, arigato! Ka-ka-ka-kawai!" E o "Meow!" atirado lá pelo meio parte tudo. Foi, também, hilariante ver as caras da minha irmã enquanto esta ouvia Hello Kitty pela primeira vez - ficando, segundo ela, traumatizada.

No entanto, ainda não sou capaz de cantar versos como: "Let's play truth or dare now, we can roll around in our underwear". Nem garanto que alguma vez seja. Tenho limites... por enquanto.

Here's to Never Growing Up


"Say, won't you say forever
Stay, if you stay forever
Hey, we can stay forever young"

Depois de ter ouvido o resto do quinto álbum, não concordo com a escolha de Here's to Never Growing Up para primeiro single - mais sobre isso à frente. Vejo, também, que o álbum tem várias músicas parecidas, tanto em termos de mensagem como de sonoridade. Destaque para o pós-refrão destas, em que o título da música é repetido, juntamente com "Hey!"'s ou "Oh!"'s  ou outro monossílabo semelhante - um truque óbvio para prender as faixas ao ouvido e facilitar a adesão do público durante os concertos.

O videoclipe de Here's to Never Growing Up, ironicamente, apresenta, de certa forma, o mesmo ponto fraco que a faixa que apresenta: a ausência de novidade. As cenas da atuação no baile de finalistas não trazem nada de memorável. Cenas de destruição de todo o cenário estão mais do que batidas nos videoclipes da Avril: neste não possuem motivo aparente, não estão inseridas numa história de qualquer tipo e nem sequer vêm com um elemento cómico, como em Complicated. A edição do vídeo também desiludiu - sobretudo tendo em conta que Shane Drake, responsável por edições ótimas, como em Smile e Monster, participou na realização - com câmaras lentas mal executadas e que nem sequer são compatíveis com a música. O único aspeto positivo foi a Avril aparecer com o visual da era Let Go, emocionando muitos dos fãs mais antigos mas nem mesmo isso salva aquele que considero um dos vídeos mais fracos da sua carreira.

Sippin' On Sunshine



"Boy, you get me so high
Buzzing like a bee hive..."

Conduzida por notas permanentes de piano e linhas de baixo (ou de guitarra elétrica grave), Sippin' On Sunshine asemelha-se, em termos de sonoridade a Here's to Never Growing Up, tento também a já referida estrutura de refrão. Em termos de letra, é ao mesmo tempo uma música de verão e de amor - um hino de lua-de-mel, no fundo, talvez o hino da lua-de-mel Chavril, rica em vitamina D. À parte isso, a faixa não desperta grande interesse.

Rock N Roll



"I am the motherfucking princess
You still love it!"

Continuo a gostar imenso de Rock N Roll. Mesmo sendo uma Smile 2.0, com a mesma estrutura de Here's to Never Growing Up e letra também bastante similar, continua a ser uma faixa incrivelmente contagiante, mais contagiante que o primeiro single deste álbum.

O videoclipe acerta precisamente naquilo em que o vídeo de Here's to Never Growing Up falha: em vez de mais do mesmo, temos um videoclipe diferente de tudo o que Avril tinha feito até ao mmomento, sem se deixar de notar o seu toque. Sob o formato de banda desenhada animada, temos uma história de ação e comédia, pós-apocalíptica, em que Avril é uma heroína de ação - confesso que desejava vê-la representando um papel destes há algum tempo. Com Billy Zane e Danica McKellar como convidados especiais, com referências várias à cultura pop, incluindo a The Wonder Years, série que deu a fama a Danica, o vídeo tem enredo suficiente para fazer algum sentido mas que, claramente, não se leva demasiado a sério. Como resultado, temos um videoclipe inesquecível, pelos melhores motivos.

Referir também que o bearshark/tubaurso, vilão neste video, está em vias de tornar-se a nova mascote da Avril.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Avril Lavigne - Goodbye Lullaby (2011) #7

14) Alice


"I found myself in Wonderland..."


Esta foi a primeira música do Goodbye Lullaby que se conheceu na totalidade. Foi composta como banda sonora para o filme de Tim Burton, Alice no País das Maravilhas, em 2010, e lançada nessa altura. Primeiro saiu uma versão reduzida e só depois a completa, disponibilizada um ano mais tarde, no quarto álbum.

Alice é uma faixa absolutamente diferente do resto da discografia de Avril, mesmo depois de conhecermos o resto do GL e algumas músicas do quinto álbum, embora a letra me recorde um pouco Falling Down. É uma canção obscura, dramática, mas ao mesmo tempo épica, que se adequa perfeitamente ao filme para o qual foi composta. As batidas frenéticas assemelham-se a batimentos cardíacos, aqueles que se têm quando, de repente, damos por nós, num local estranho, assustador mas, ao mesmo tempo, belo. Salvo as referências ao filme, a letra fala precisamente disso e de encontrar força interior para enfrentar as adversidades. Nesse aspecto, assemelha-se imenso a Alive, de Leona Lewis.



Em termos de música propriamente dita, Alice não se enquadra muito em Goodbye Lullaby, mas em termos de mensagem, sim. Ela, aliás, faz como que um resumo da mensagem generalizada do CD, é como que uma lição tirada a partir de GL, ainda que de uma forma diferente de Goodbye.

A música foi lançada como single ao mesmo tempo que o filme se estreou nas salas de cinema. Teve ainda direito a videoclipe (que, por sinal, é um dos meus preferidos da Avril). Só que não é propriamente o tipo de música de que a maior parte das pessoas goste. Para além dos vocais agudos, inadequados a alguém que não goste da voz da Avril, a música é intricada, complexa, não é daqueles êxitos pop instantâneos, mastigados e fúteis. 



Durante The Black Star Tour, a digressão de divulgação do Goodbye Lullaby, Alice foi apresentada com uma introdução instrumental. Um fã conseguiu arranjá-la e montá-la juntamente com o áudio de uma apresentação ao vivo para um programa de televisão (não me lembro de qual). Gosto imenso do resultado, apresentado no vídeo acima, acho que até ficou melhor que a versão em estúdio. A introdução instrumental reforça o carácter épico, cinematográfico, da música. Por outro lado, após a introdução, o arranjo musical da faixa em si salienta o seu tom misterioso e gótico. Além disso, os vocais da Avril surgem menos estridentes, mais suavizados, mais toleráveis para quem não seja grande fã da voz aguda da cantora. Por fim, aquela espécie de coro, certamente acrescentado pelo tal fã, ficou igualmente bem conseguido.

Em todo o caso, Alice tornou-se especial por, em inícios de 2010, ter sido a primeira canção inédita vinda da Avril em quase três anos. E, no meu caso, chegou numa altura crucial, em que estava em exames e estes não me estavam a correr nada bem. Lembro-me que, na altura, todo o aparato em redor do lançamento de Alice e a promessa de um novo CD para breve eram as únicas coisas que me faziam levantar da cama. Lembro-me de ver a notícia de que a Avril havia composto uma música para o filme, da entrevista para a rádio em que ela falou de Alice pela primeira vez e disse mesmo os primeiros versos, de pôr a música a tocar no meu telemóvel na noite em que saiu, de montar o vídeo para o YouTube, de ver a Avril em directo no tapete verde da antestreia do filme… Apenas mais um exemplo de como a sua música já era o motivo pelo qual eu sorria ainda antes de Smile ter sido, sequer, composta. 

Conclusões:


É isto o quarto álbum de estúdio de Avril Lavigne, Goodbye Lullaby, ao pormenor. A Avril afirmou, na altura, que este álbum marca o fim de um capítulo na sua vida e o início de outro. Nesse aspeto, Goodbye Lullaby assemelha-se a Let Go. Este último foi assim batizado porque a Avril teve de abdicar (let go) de muitas coisas – a terra onde cresceu, a proximidade da sua família e dos seus amigos, os estudos (não que ache que ela tenha tido grande pena em relação a esta última parte…) – e abraçar um estilo de vida completamente diferente e nem sempre fácil. Goodbye Lullaby fala também sobre abdicar de algo fácil, seguro, reconfortante e partir para outra.

Outra semelhança entre os dois álbums é o facto de ambos terem ido contra a corrente musical da altura em que foram lançados. Isso foi bem aproveitado em termos de marketing com o Let Go mas não o foi em Goodbye Lullaby. Mas prefiro não entrar por aí.

De resto, são estes os meus álbuns preferidos da Avril, o Let Go em primeiro e o Goodbye Lullaby em segundo. Na minha opinião, tanto Under My Skin como The Best Damn Thing ficaram algo exagerados: o primeiro exagerou no dramatismo, em certas músicas, com um excesso injustificado de músicas de fim de relacionamento. Do mesmo modo, o segundo exagerou na futilidade: músicas superficiais podem ser boas para festas e tal mas, sem um mínimo de profundidadade, não há ligação emocional e uma pessoa acaba por se fartar. Tanto Let Go como Goodbye Lullaby são mais equilibrados, nesse aspeto.


No seu quarto CD, a Avril explora o seu lado mais doce, romântico e vulnerável. Na sua quase totalidade está muito bem produzido, favorecendo a qualidade musical, as guitarras acústicas, os pianos, os violinos. A sua voz, quase ser artífices, mostra todo o seu potencial. Se este lado romântico é melhor que o seu lado mais amalucado, roqueiro, fútil de The Best Damn Thing ou que o seu lado mais obscuro, pesado, dramático de Under My Skin, não sei dizer. É apenas mais uma faceta da Avril e a diversidade da sua música sem deixar de haver cunho pessoal em cada faixa é, na minha opinião, um dos seus pontos fortes, senão o seu ponto mais forte.

Talvez por causa do tema vagamente campestre/florestal da capa e de outras fotografias do álbum, gosto de ouvir Goodbye Lullaby quando faço caminhadas em reservas naturais ou quando vou para a minha casa de férias e ando de bicicleta no meio do campo. Lembro-me até de, no fim de semana a seguir ao lançamento do CD, ter feito precisamente isso: andado de bicicleta a corta-mato, vendo as primeiras flores da Primavera enquanto cantava em altos berros. Quando regressava a casa, o meu irmão conseguia ouvir-me a uns cinquenta metros de distância. A minha mãe falou desses dias durante muito tempo, em que eu passava a vida a cantar, julgando que eu andava feliz por os exames me terem corrido bem. Nunca a corrigi… Mas já tinha dito aqui, de resto, que a edição de Goodbye Lullaby coincidiu (e, porque não, contribuiu) para uma das alturas mais felizes da minha vida, que incluiu o "sim" à publicação de "O Sobrevivente", o meu primeiro livro.


E agora estamos em vésperas (ou talvez menos) de ouvir o álbum seguinte, homónimo, o capítulo que se segue ao que foi encerrado em Goodbye Lullaby. No que tocava a este último ábum, bem como ao The Best Damn Thing, esta altura, as semanas que antecediam a edição, eram muito excitantes, com a antecipação do álbum, as pistas sobre as músicas que iam surgindo a pouco e pouco, as fotografias oficiais de divulgação do disco, as entrevistas. E agora... não estou a sentir o mesm. Já o disse aqui, existem muitos pormenores relacionados com aeste álbum com que não estou satisfeita. Não tem só a ver com os constantes adiamentos: o GL também demorou a ser editado mas quando se acertou a data definitiva, tudo correu bem - pelo menos em termos de entrevisas, renovação do site oficial, etc - pelo menos até à edição. Além disso, as fotografias oficiais, o estilo visual de Goodbye Lullaby é o mais bonito de toda a discografia da Avril e definitivamente melhor que o do quinto disco. Mesmo as músicas do quarto álbum, de uma maneira geral, na minha opinião, estão melhores, cada uma delas é uma obra de arte, estão melhor produzidas e foram mais inovadoras do que as que, até agora, conhecemos do álbum homónimo de Avril Lavigne. E nenhuma delas, até agora, me arrebatou como arrebataram as do GL quando saíram.

Eu admito que o problema pode ser meu. Talvez as circunstâncias estejam a influenciar as minhas reações: afinal de contas, estive mais de dois anos à espera da edição de Goodbye Lullaby. Talvez eu, com este blogue, com o hábito de esmiuçar todas as músicas, em particular dos meus cantores preferidos esteja mais exigente do que era há dois ou três anos.

Nesse aspeto, o álbum Paramore não ajuda já que subiu imenso a fasquia para tudo o que é musica nova.


Ando a fazer um grande esforço para não criticar o álbum ainda antes de o ter ouvido, sequer. De resto, não é a primeira vez que tenho dúvidas deste género antes do lançamento de um álbum da cantautora canadiana. Talvez não seja mau de todo as expectativas não estarem muito elevadas. Por outro lado... é a Avril! É um álbum da Avril! É um conjunto de músicas inéditas da Avril! Eu vou sempre gostar daquilo que a Avril fizer, ainda que em graus diferentes. E, que diabo, em treze músicas, hão de haver pelo menos duas ou três pelas quais me apaixone. De resto serão sempre uma mão-cheia de músicas novas, da minha cantora preferida ainda por cima, para esmiuçar, para comparar com outras, dela e não só, para criticar, para eventualmente montar vídeos e escrever sobre tudo isso no blogue. 

Estamos, agora, a poucos dias, talvez ainda menos, de ouvirmos essas músicas. Poderemos ouvi-las no iTunes no dia 29. No entanto, só publicarei a minha crítica depois de 5 de novembro, dia do lançamento oficial, tal como fiz com o álbum Paramore. Pensar que já estivemos bem mais longe de ouvir este álbum... mas agora está quase, quase! E eu mal posso esperar!

Se quiserem reler esta crítica, aqui têm:

PRIMEIRA PARTE
SEGUNDA PARTE
TERCEIRA PARTE
QUARTA PARTE
QUINTA PARTE
SEXTA PARTE

domingo, 20 de outubro de 2013

Avril Lavigne - Goodbye Lullaby (2011) #6

Sexta parte da crítica retrospetiva de Goodbye Lullaby:

12) Remember When
 

"It never crossed my mind
That there would be a time
For us to say goodbye" 

Esta é outra música provavelmente sobre o divórcio, composta a solo pela Avril. Em termos de produção e sentimento, assemelha-se imenso a I Will Be. Mais uma vez, a produção (ironicamente, pelo próprio Deryck Whibley, de quem se divorciou) merece cinco estrelas. A minha parte favorita da música é o final do segundo refrão, em que esta “explode”, realçando a angústia presente do princípio ao fim.

A canção debruça-se sobre nostalgia, sobre a dor de um relacionamento terminado, que relembra aquilo que foi, os momentos felizes, em que se julgava que duraria para sempre, mas que se acabaram por perder. Mas, no meio de isso tudo, a Avril está firme na sua decisão de acabar tudo.

É capaz de ser a melhor letra de todo o Goodbye Lullaby e a voz da Avril exprime de forma, mais uma vez, primorosa, toda a emoção da música. Dá mesmo para sentir a dor dela – eu, pelo menos, afligi-me quando a ouvi pela primeira vez, sobretudo com os versos “Now I’m alone again, where do I begin?”. Em suma, é mais uma obra de arte que se junta à extensa galeria da sua discografia.

13) Goodbye


"I have to go"

Esta faixa foi composta e produzida a solo pela Avril. Aquando da edição de Goodbye Lullaby, esta considerava Goodbye a melhor música que alguma vez compôs. Não sei dizer se é a melhor, mas, pelo menos até agora, nenhuma outra é tão emotiva, pelo menos não de uma fora tão crua, tão cristalina, como esta.

A produção é muito simples, baseando-se quase exclusivamente em piano, guitarra acústica, violinos (mais presentes do que o habitual), mas é a suficiente. A letra é muito simples, mas é cantada de uma forma muito crua, muito sentida, e tem a vantagem de ser aplicável a diversas situações. A Avril compô-la sobre o seu divórcio, talvez para se convencer a si própria que era altura de parar, que tinha de deixar o seu casamento para trás. Nesse aspecto, faz sentido vir a seguir a Remember When. Em RW, toma a decisão de se ir embora. Em Goodbye, despede-se. Mas a canção também podia ser sobre uma mãe que abandona o filho, sobre alguém que está a morrer, ou simplesmente alguém que tem de deixar o seu amado por motivos de força maior – como que em jeito de prelúdio para When You’re Gone e Wish You Were Here. Em todo o caso, a música pega naquele tipo de dor mesmo profunda, íntima, crua, que se torna desconfortável quando vista de fora. Não é, por isso, de admirar que a Avril não se ache capaz de cantá-la ao vivo.

Goodbye assemelha-se em muitos aspectos a Run, dos Snow Patrol, (embora eu prefira a versão da Leona Lewis). Outra canção parecida, menos conhecida, é Our Farewell, dos Within Temptation, que também tem características de canção de embalar.

Já que estou a fazer comparações com outras músicas, tenho de referir a faixa Exit Song, dos Sum 41. Este também é o tema final do mais recente álbum deles, Sreaming Bloody Murder e, embora em termos estritamente musicais, não tenha muito a ver com Goodbye, a mensagem assemelha-se bastante. Julgo que o Deryck a compôs com intenções parecidas com as com que a Avril compôs Goodbye, embora com uma emoção ligeiramente diferente - uma aceitação resignada.




Ora, um ano após a edição de Goodbye Lullaby, em jeito de encerramento do ciclo desse álbum, a Avril lançou um vídeo para Goodbye (a partir de 1m45s). Não é exatamente um videoclipe, é mais uma curta-metragem: o vídeo não trabalha para a música, a música trabalha para o vídeo. Neste, a Avril interpreta uma personagem feminina que espera o seu amado num quarto de hotel. Vêmo-la preparando-se para recebê-lo, vestindo lingerie, ensaiando poses sensuais. Acabamos por perceber que não é completamente genuíno, que provavelmente é apenas para agradar ao amante que nunca chega a aparecer.

Este vídeo oferece múltiplas interpretações possíveis, tanto para a curta-metragem como para a própria música. Uma delas é a hipótese de o vídeo ser uma metáfora do seu casamento falhado com Deryck Whibley: de como ela tentava desesperadamente manter uma farsa ou algo que já não existia, uma ilusão, ao ponto de mentir a si mesma. Até ao momento em que a verdade a atinge.

Por outro lado, a mim também me faz lembrar, um pouco, a vida e morte de Marilyn Monroe. Deixo desde já bem claro que sei muito pouco sobre a falecida atriz, tudo o que sei aprendi com o Wikipédia, uma mão-cheia de artigos de revistas e jornais, estes sobretudo a propósito do aniversário da sua morte, no verão do ano passado, e pouco mais. Aquilo de que falarei aqui é pura especulação. Mas lembro-me de ler sobre a sua vida, sobre o seu estatuto de símbolo sexual, com a sua sensualidade ingénua - suponho que não muito diferente da da personagem de Goodbye. Imagino que a fama tivesse dado a Marilyn a ilusão de que era amada. Não me surpreenderia que ela se tivesse suicidado quando essa ilusão se desfez - quando percebeu que estava sozinha, que sempre estivera sozinha. A diferença é que a personagem que Avril interpreta teve a coragem de se levantar, de atirar com todas as máscaras, de sair do metafórico quarto de hotel e recomeçar a sua vida.

É claro que não estou a dizer que foi por isso que Marilyn se suicidou. Tal como afirmei acima, estou apenas a especular, quase a ficcionar. Mas podia ter sido. Se não com ela, talvez com outras celebridades femininas, ou não, mortas ou não, tanto do passado como - e isto é o mais triste - dos dias que correm.

É curiosa a forma como uma música com uma letra aparentemente tão vaga se torna tão rica, por tantos motivos. No contexto do disco  a que dá o nome, Goodbye não se limita a ser a última faixa (ou penúltima) de Goodbye Lullaby: funciona mesmo como epílogo do álbum, uma conclusão de tudo  por que se passou e se refletiu em cada uma das músicas do disco. Assinalo, por fim, o último refrão em que se ouve “Goodbye… Lullaby” no fundo – acho que ficou interessante, já que acabou por ser esse o nome do álbum – e a parte final, com os violinos, que encerram, não só a música, mas também o CD de certa forma, de uma forma misteriosa e linda.

Depois desta, só falta uma parte, em que falarei da faixa que falta e tecerei algumas considerações finais. Estamos, agora, a dezasseis dias da edição do quinto álbum, homónimo mas que, ao que parece, estará disponível em stream no iTunes uma semana antes. Como tal, vou tentar publicar a última parte ainda antes do próximo fim-de-semana. Entretanto, se quiserem ler as outras partes...

PRIMEIRA PARTE
SEGUNDA PARTE
TERCEIRA PARTE
QUARTA PARTE
QUINTA PARTE
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